Resumo:O cenário de outubro de 2025 começa com grandes movimentações no mercado cambial e de commodities, exigindo atenção máxima dos traders brasileiros. Entre inflação em aceleração nos EUA, gastos públicos elevados no Brasil e tensões entre metais e criptos, o XAU/USD e o XAU/BRL ganham destaque como ativos de proteção de valor, enquanto pares de moeda oscilam diante de mudanças na política monetária e riscos fiscais.

Publicado em 05/10/2025
Ouro em alta histórica, dólar instável e incertezas globais:
O cenário de outubro de 2025 começa com grandes movimentações no mercado cambial e de commodities, exigindo atenção máxima dos traders brasileiros. Entre inflação em aceleração nos EUA, gastos públicos elevados no Brasil e tensões entre metais e criptos, o XAU/USD e o XAU/BRL ganham destaque como ativos de proteção de valor, enquanto pares de moeda oscilam diante de mudanças na política monetária e riscos fiscais.
Ouro Alcança Máxima Histórica em Dólar e se Aproxima de R$700
O preço do ouro atingiu um patamar inédito nesta semana: US$3.858,45 por onça-troy no fechamento do mercado de terça-feira, refletindo a escalada da aversão ao risco provocada pelo shutdown do governo dos Estados Unidos.
No mercado brasileiro, o XAU/BRL também disparou, sendo cotado em R$668,65, o que representa uma valorização significativa em relação às semanas anteriores. Com o dólar operando na faixa dos R$4,90, o valor em real acompanha a tendência altista global do ouro.
Apesar da leitura técnica indicar condições de sobrecompra — o RSI de 14 dias está em 75 — os investidores parecem ignorar os sinais de exaustão da alta. Isso porque o ouro continua sendo visto como o porto seguro mais sólido em meio a tensões econômicas, geopolíticas e instabilidades institucionais.
Rumo Aos US$4.000? O Que Dizem os Analistas
Segundo especialistas, o ouro pode, sim, testar o nível psicológico dos US$4.000 por onça, especialmente se a paralisação do governo americano se estender por mais semanas. A formação técnica conhecida como “bull pennant” (bandeira de alta) foi acionada após o discurso de Jerome Powell em Jackson Hole, sinalizando que o Fed não deve reverter os cortes de juros em breve, mesmo com a inflação em alta.
A resistência imediata encontra-se em US$3.900, com suportes nos níveis de US$3.871, US$3.854 e US$3.831. Já o ponto crítico de decisão para uma possível correção mais ampla está entre US$3.791–US$3.800.
Caso a correção se intensifique, os alvos para retração estão em torno de US$3.738–US$3.759 ou até a região dos US$3.700.
ShutDown nos EUA: Impacto Direto na Demanda por Ouro
O shutdown do governo norte-americano — o primeiro em quase sete anos — está provocando graves incertezas econômicas. O Departamento do Trabalho não conseguiu divulgar seu esperado relatório de empregos, e cerca de 750.000 funcionários federais podem ser afastados ou demitidos, com efeitos prolongados para diversos setores da economia.
Esse ambiente de instabilidade gera o que os analistas chamam de “fuga para a qualidade”, fenômeno no qual investidores se voltam para ativos de baixo risco, como o ouro.
Além disso, as guerras comerciais reativadas pela administração Donald Trump com novas tarifas sobre importações estão elevando os custos de produção e pressionando a inflação global.
Ouro ou Bitcoin? Fluxo de Capital Pende para os Metais
A alta do ouro também pode ser entendida como uma resposta ao arrefecimento do apelo das criptomoedas. Em momentos de crise, a volatilidade extrema do Bitcoin torna os metais preciosos uma escolha mais confiável para quem deseja preservar poder de compra.
Em 2020, o mesmo fenômeno foi observado: quando o ouro atingiu os US$2.000 pela primeira vez, parte do capital migrou para o Bitcoin. Agora, com a expectativa do ouro superar US$4.000, o fluxo parece se manter nos metais.
O Que Esperar para o Ouro em Outubro?
Mesmo que uma correção técnica aconteça nos próximos dias, os fundamentos continuam extremamente favoráveis para o ouro:
- A política monetária expansionista do Fed tende a enfraquecer o dólar no longo prazo.
- A inflação americana continua acima da meta.
- O shutdown pode se prolongar, gerando paralisações em agências reguladoras e prejuízos generalizados.
- A desaceleração do mercado de trabalho nos EUA adiciona mais incerteza ao cenário.
Ou seja, enquanto a economia global não demonstrar estabilidade, o ouro seguirá como refúgio preferido dos investidores institucionais e pessoas físicas.
Dólar Oscila, Mas Segue Forte no Brasil
Apesar da valorização do ouro, o dólar ainda mostra força contra o real, operando perto de R$4,90, sustentado por três pilares:
- Alta dos juros americanos: mesmo com cortes esperados em 2026, os rendimentos dos títulos do Tesouro americano ainda oferecem atratividade.
- Risco fiscal brasileiro: a dívida pública voltou a crescer e o governo tem aumentado gastos.
- Fluxo cambial negativo: com saídas de capital e menor ingresso de investimentos estrangeiros no país.
O par USD/BRL deve continuar volátil, mas há espaço para apreciação do real caso a inflação brasileira permaneça controlada e os investidores antecipem melhora no cenário fiscal.
Projeções para o Real em Outubro
As projeções para o real dependem de diversos fatores:
- Cenário internacional: se o dólar global (índice DXY) enfraquecer, o real pode se beneficiar.
- Reformas no Brasil: avanços nas reformas administrativa e tributária podem impulsionar o câmbio.
- Política fiscal: novas medidas de contenção de gastos são essenciais para conter a pressão sobre o câmbio.
Alguns analistas projetam o dólar a R$4,80 no curto prazo, mas alertam que qualquer nova instabilidade — como crises externas ou medidas populistas no Brasil — pode rapidamente empurrar a moeda americana de volta aos R$5,00 ou mais.
Inflação em Alta e Fed Cauteloso
O Fed enfrenta um dilema: a inflação não cede no ritmo desejado, mas subir os juros num momento de instabilidade política e econômica seria arriscado. Com isso, o mercado trabalha com a possibilidade de manutenção das taxas por mais tempo, o que dá suporte ao dólar no curto prazo, mas abre espaço para o ouro como proteção inflacionária no longo prazo.
Além disso, o mercado de trabalho americano começa a mostrar sinais de enfraquecimento, o que pode acelerar um ciclo de flexibilização monetária.
Destaques Importantes do Mercado Para Traders de Forex Brasileiros
Além de ouro e dólar, outros ativos e pares de moedas importantes devem ser monitorados de perto:
EUR/USD
O par euro/dólar se manteve estável nos últimos dias, mas o BCE está pressionado pela desaceleração da economia da zona do euro, o que pode levar a novos cortes de juros.
USD/JPY
O iene japonês segue fraco frente ao dólar, favorecendo traders de carry trade que se aproveitam do diferencial de juros. Mas analistas alertam para intervenções do Banco do Japão, que podem surpreender o mercado.
USD/CNY
A China enfrenta dificuldades econômicas e queda no setor imobiliário. O par USD/CNY segue valorizado, e o governo chinês pode tomar medidas para conter a desvalorização do yuan.
Petróleo
Com o barril de WTI na faixa dos US$90, o petróleo contribui para o aumento da inflação global. Isso pressiona os bancos centrais e pode afetar diretamente moedas de países emergentes, como o Brasil.
Considerações Finais: Hora de Redobrar a Atenção
O mês de outubro começa com fortes tensões políticas e econômicas que colocam à prova a capacidade dos governos e bancos centrais em garantir estabilidade. A situação é complexa:
- O ouro deve seguir valorizado enquanto o cenário permanecer incerto.
- O dólar pode se manter firme no curto prazo, mas está vulnerável a mudanças no Fed.
- O Brasil precisa avançar em reformas e conter gastos para evitar maior pressão cambial.
Para os traders de forex brasileiros, o momento exige atenção máxima às notícias globais, monitoramento constante de indicadores técnicos e macroeconômicos, e, principalmente, estratégias de gestão de risco robustas. Outubro promete ser um mês volátil — e as oportunidades, assim como os riscos, serão grandes.
